por Sônia Severiano (sleite@innet.com.br)
Narrador: Vamos conhecer a história de Camila, a pequenina abandonada, a história de uma menina de rua.
GENI: Vejam só, essas crianças de rua servem apenas para desmoralizar a sociedade, que imagem vão Ter de nossa cidade? Se liga menina, levanta daí, vá procurar o que fazer! Onde estão seus pais para ensinar a regra do bem viver?
CAMILA: Eu não tenho pai e nem mãe, (chorando)
GENI: Desculpe- me criança (abraça-a) confie em mim, o que sentes?
CAMILA: Fome, muita fome. (massageando o estômago)
GENI: Coma este lanche (tirando da bolsa um lanche).
CAMILA: Muito obrigada! A senhora é uma pessoa muito boa.
GENI: Mas não se acostume. Procure um orfanato, a cidade é grande tem vários por ai, com certeza lhe darão abrigo (sai falando) é cada coisa que a gente vê que não se explica, eu tenho mais o que fazer.
CAMILA: Um orfanato! Que bela idéia! Um lar! Crianças brincando! Novos amiguinhos! Brinquedos! Comida a vontade! Vou me informar, que bom! Ai vem um senhor.
CAMILA: (humildemente) Tio o senhor...
HOMEM: Cai fora menina, não tenho esmola hoje.
CAMILA: Não é isto tio...
HOMEM: Já falei, cai fora! Vai procurar serviço.
CAMILA: (abaixa-se desajeitada com a mão no rosto) Eu não quero dinheiro, eu quero uma casa, eu quero um lar, eu quero uma família! Está vindo uma senhora quem sabe ela queira me adotar. Ela tem cara de uma pessoa muito boa.
CAMILA: Tia, a senhora quer eu para você?
MULHER: O que significa isto?
CAMILA: Bem... a senhora me quer para você?, eu não tenho...
MULHER: Diga para os seus pais tomarem vergonha, não estou dando conta nem dos meus.
CAMILA: Tia eu não tenho...
MULHER: Qual é a sua menina! Eu hein!...
CAMILA: Que vida ingrata, viver assim é melhor morrer (chora). A gente grande, não escuta gente pequena. Não deixa a gente explicar nada, se ela não tivesse papai e nem mamãe... garanto que ia saber o quanto dói dentro da gente. (sorrindo) Hã! Tive uma idéia. Outro dia pedi comida na casa de uma senhora tão boazinha, ela me pareceu muito inteligente, parecia saber de tudo. Ela deve saber onde posso encontrar um orfanato. Vou até a casa dela. Porque não lembrei isto antes! Ela é muito educada e me tratou como gente grande.
Cena: Camila sai correndo ao chegar na casa bate palmas.
CAMILA: Oi! Voltei!
MULHER: E trate de ir voltando, essas crianças são muito mal acostumadas, dei um prato de comida outro dia, hoje já está de volta.
CAMILA: Oh! Tia!...
MULHER: Isto mesmo, cai fora já daqui (fecha a porta).
CAMILA: Este mundo não vale nada mesmo, as pessoas mudam cada dia, eu não ia pedir nada, ainda tenho um pouco do lanchinho que ganhei (mostra o pacote) eu só queria uma informação de um abrigo.
CENA: Abraça o pacote de lanche e sai muito triste e vagarosamente.
NARRADOR: Estás vendo a humanidade? Só vive a proclamar o amor, a caridade... mas vamos adiante, na frente há uma hospedaria e poderás descansar até ao raiar do dia.
CENA: Camila chega e bate palma e ninguém atende.
NARRADOR: Que pena, não vai poder se alojar, o anfitrião ao vê-la lhe disse sem esperar.
ANFITRIÃO: (com cara feia) Que queres? Que desejas com este olhar profundo? Não sei se és fugitiva ou vagabunda?
CENA: Camila aperta o resto do lanchinho no peito e sai chorando.
NARRADOR: As portas se fecharam de modo tão violento, ficando a criancinha exposta ao relento.
CAMILA: (conversa sozinha) Papai e mamãe sempre diziam: Jesus também sofreu. Por ter amado tanto, por nós Ele morreu.
CENA: De joelhos com as mãos posta entre o lanche, ora a Deus.
ORAÇÃO
Papai do céu, mamãe e papai falavam que o Senhor é tão bom, que mandou seu único filho para morrer por nós e nos livrar do eterno sofrimento. Papai do céu eu estou sofrendo tanto! Ninguém me compreende! Ninguém gosta de mim, ninguém me escuta, eu só quero encontrar um orfanato. Me disseram que é um lugar tão lindo, com muitas crianças a brincar. Me disseram que é um verdadeiro lar, com tias boazinhas que dão comida, estudo e carinho. Papai do céu, eu preciso encontrar este lar. Mas já andei tanto, ninguém se interessou em me ensinar. Manda alguém Papai do céu para me ajudar, amém.
CENA: Chora muito alto e enxuga as lágrimas com a beirada do pacote de lanche. Enquanto isto passa um grupo de crianças indo para escola, trajando uniformes e material escolar. Todos alegres e conversando alto. Param derrepente ao ver Camila.
JOÃOZINHO: Vejam! Uma menina chorando no meio da rua! (todos rodeiam admirados e perguntam:
TODOS: O que você está fazendo aqui!
CAMILA: (soluçando) Eu? Eu... eu estou a procura de um lar, não tenho papai e nem mamãe, preciso de um orfanato para morar. Já perguntei para muita gente grande, mas eles nem deixam eu falar?! . O Papai e mamãe de vocês já falaram neste lugar? (diz com semblante alegre) Quem sabe vocês poderão me ajudar a ir até lá.
PEDRINHO: Nada disto, nós temos um lugar melhor que o orfanato, melhor que qualquer outro lugar.
CAMILA: É verdade?
ANGÉLICA: Ë verdade e nós estamos indo para lá
CAMILA: (muito animada) E vocês poderiam fazer o favor de me levar junto?
RITA: Levaremos sim, mas não estamos fazendo favor, estamos cumprindo nossa obrigação. Nós somos alunos da Escola Bíblica Dominical Cordeirinhos de Cristo. Na lição de Domingo passado aprendemos que devemos amar o próximo como a nós mesmo.
CAMILA: (Camila se levanta).
MARINA: Isto mesmo! Como é o seu nome?
CAMILA: Camila.
MARINA: Camila, você é o nosso próximo.
CAMILA: É verdade?
MARINA: Sim, é verdade. A nossa professora nos ensinou na última Escola Dominical, que Deus é nosso Pai. Se Deus é nosso Pai, você é nossa irmã. Vamos junto com a gente, nossa professora vai explicar melhor este assunto.
CAMILA: (admiradíssima) Agora!
TODOS: Agora! Já estamos atrasados.
CAMILA: (Olhando para roupa maltrapilha que está vestida) Assim! Minha roupa está tão feia, tão rasgada.
JOÃOZINHO: (diz com firmeza) Camila, isto não nos interessa, o que interessa é que você é nosso próximo, é nossa irmã, nós a amamos como você é, como você está, não se preocupe, vamos dar um jeito.
CAMILA: Vocês são muito legais, eu nunca encontrei pessoas tão boas assim.
MARINA: (amavelmente fala) Bondade sua, bom mesmo é nosso amigo Jesus. (muda o tom da voz). Vamos depressa, já está quase na hora de começar nossa aula.
CENA: Um cenário de sala de aula, onde a professora está escrevendo o cabeçalho da escola. Ao chegarem a porta, pedem licença para entrar, pois a aula já iniciou.
TODOS: Com licença professora.
PROFESSORA: Oi! (olhando no relógio) Pensei que não viessem mais hoje.
MARINA: Sabe qual foi o imprevisto tia?
PROFESSORA: (continua escrevendo sem perceber a presença de Camila) Não tenho a mínima idéia.
MARINA: (ainda em pé com a mochila no ombro). Nós encontramos uma nova amiga no caminho da escola, e resolvemos trazê-la para nos fazer uma visita e conversar um pouco com a senhora, ela está com alguns probleminhas. Agimos conforme o que aprendemos na lição de domingo passado a respeito do amor ao próximo.
PROFESSORA: Como estou contente de em ter alunos tão aplicados como vocês. (sorrindo) Vocês são demais! E o nosso visitante?
CENA: Camila está atrás de Marina, ao sair da frente Marina diz:
MARINA: Ela está aqui. (Camila fica tímida e a professora a abraça sem preconceitos)
PROFESSORA: Oh! Querida, seja bem- vinda entre nós, estamos muito contente com sua presença (caricia a cabeça de Camila e Pergunta) Como é o seu nome?
CAMILA: Camila
PROFESSORA: (disposta e carinhosa) Camila, nós estamos tão contentes com sua visita que vamos cantar uma musiquinha especialmente para você. Vamos lá crianças.
TODOS: Vamos!
MÚSICA
Visitante seja bem- vindo, sua presença é um prazer Com Jesus estamos dizendo, nossa escola ama você.
PROFESSORA: (Animadíssima) Bem vindo a nossa visitante Camila! (Camila chora de emoção)
TODOS: (alegres) Bem- vinda!
CAMILA: (chorando) Estou emocionada, Papai do céu ouviu minha oração. Isto aqui é o céu? Vocês são os anjos?
PROFESSORA: (carinhosamente abraça-a) O meu amor. Aqui não é o céu, e também não somos os Anjos, mas aqui reina o amor, o amor nos leva ao céu, no lugar onde estão os Anjos.
CAMILA: Andando por este mundo, desde quando papai e mamãe, morreram em um acidente, só encontrei desilusões. Fui morar com uma família que foi muito cruel para mim, fugi daquela casa e passei a viver na rua, só encontrei humilhações, nunca, mas nunca mesmo alguém me recebeu assim (todos a ouvem comovidos a professora caricia os cabelos desalinhados de Camila enquanto escuta sua história) Foi, por isso que pensei que este lugar era o céu e vocês os Anjos.
CENA: Todos sentam em suas carteiras, Camila também recebe um lugar indicado pela professora para sentar-se ao som da música conta através da mímica sua história, enquanto está contando o narrador narra.
NARRADOR: A pobre criança conta sua história e todos ouvem atentamente. (após fecha-se às cortinas e toca a música amigos para sempre, só à melodia ) e o narrador continua.
NARRADOR: Os dias se passaram, Camila está feliz, recebeu assistência social e espiritual com o apoio da escola, dentro das formalidades legais foi adotada por um casal que dispensa todo amor e carinho a querida menina. Participa ativamente de todos os trabalhos da escola, e atualmente é regente do Coral Infantil, aí vem ela e seus componentes.
CENA: Camila aparece elegantemente vestida, colocam em forma os componentes do Coral Infantil e rege com muita competência o conjunto que acompanha um hino especial. (a escolher) Após o hino fecha-se a cortina e encerra com o Aleluia de Hendel.
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