Soneto Estrambótico; Cristo
Eu já escrevi sangue sobre as ruas,
o soneto de um verme a prantear.
Eu já pintei um céu escuro sem lua,
sofri o esquecimento em denso mar.
Sobre as curvas das ondas esquecidas,
provei a amargura deste ato que é viver.
Sordida imagem ebriante e despida,
sou Eu, um Verme em seu sofrer.
A imagem que hoje vejo fria e nua,
era um céu escuro sem a sua lua,
era uma manhã cinza sem o sol para brilhar.
A vida, que era a morte para mim pedida,
o lamento de uma memória esquecida,
sem brilho, sem vida e sem chance de amar.
"e assim falou Cristo:
Quando calou-se o mar, lá eu estive;
pois quando morres p'ro mundo, para mim tu vives."
Ygor Pierry
pyerry
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