AUTOR: VIRGÍNIA HTINH
PERSONAGENS:
Demo: Figura do mal, caracterizado na região;
Salvador: simbologia do Senhor Jesus;
Ispedita: Mulher simples, ingênua e muito trabalhadora; vive no sertão Nordestino, onde ocorre grande seca. Para ganhar o pão de cada dia, lava a roupa dos fazendeiros da região.
A história:
Ispedita trabalha de sol á sol lavando roupa na beira de uma riacho a uns 10 km de sua casa de tapera, para sustentar sua avó, seu pai, mãe (já idosos), 7 irmãos pequenos e três sobrinhos que ficaram órfãos devido à fome da seca. Seu sonho é que chova bastante para encher o rio onde ela lava roupa, pois este já está secando, restando apenas um fiasco de água barrenta. Mas uma dia aconteceu algo extraordinário com ela...
Cena 01
Ispedita entra em cena com um cesto de roupa suja na cabeça.
Ispedita: êta que vida boa de miorá! Ô sacrifíciu sem fim! – “Lava a roupa todo dia, que agunia! Pra levá cumê pra casa, que alegria!” – Era bom se tivesse a água pra lavá a rôpa... (despeja a roupa na beirada do rio, tenta molhar a roupa com a água barrenta do rio). Êta que as pessoa tem qui sê igual aquele moço bunito da tv, como é mermo o nome dele? Acho qui é... Supera hôme! Isso mermo!
Neste momento o Demo avista Ispedita na beira do rio e segue em direção dela.
Demo: Oba! Hoje vô inganá mai um trôxa! (risos). Mai vixe! Ia esquecendo de usa meus efeito especiá! Peraí qui eu vô ajeita! (e num estalar de dedos coloca uma música sinistra com luzes piscando). Assim ta mió! (e vai falar com Ispedita). E aí muié? Como vai essa vidinha mizeráve?
Ispedita toma um susto: Êta bixo! De onde foi qui tu apariceu? (acalma-se e repara nos chifres do demo) Pareci inté qui ocê foi traído por muié a vida toda, qui os chifre chega tá saliente! (risos).
Demo: muié, tu num tem medo de mim não?
Ispedita: Eu, hein! Ocê só tem feúra!
O demo fica apreensivo, mas continua a conversar: To arreparando qui num tem muita água nesse riacho; como é qui tu vai fazer pra moiá essa rôpa todinha?
Ispedita: Oxente, mai qui cabra mitido! Num é da tua conta, vá simbora, toma teu rumo qui eu to cum muito trabaio!
Demo se enche de ira, mas se contém: Se ocê quiser eu tenho uma proposta... Eu puderia inté encher esse riacho todinho, mai como tu qué qui eu vá simbora... (fica todo faceiro esperando uma reação de Ispedita).
Ispedita se espanta: E é? E pro mode, como tu ia encher esse riacho todinho? Tu num é DEUS pra tê esse puder!
Demo se irrita: Êpa! Num pronuncia esse nome perto de mim! Tá pensando o que? (se acalma pra enganar Ispedita) Isso é segredo meu! Mai só digo que eu posso sim encher esse riachindo de nada pra ocê. (se achega á Ispedita colocando o braço em seu ombro). Mai ocê num queria não vê esse riachinho cheinho d’água, esborrotando, matando peixe afogado?
Ispedita: É... Esse era um dos meu maior sonho! Iria muda muito minha vida... Meu trabaio iria ser mai fárcil e puderia trazer mai dinheiro pra mode ajuda minha família... cum o riacho sequinho num dá pra trabaiá.
Demo: E intão! Mai im troca, ocê teria qui assinar um contrato (e tira de dentro da calça um rolo de papel e o desenrola pra Ispedita poder assinar).
Ispedita: Vixe, só tem um pobrema – num sei assina não sinhô, nem nome nem sobnome...
Demo: ah, isso num é pobrema não... (e tira uma almofada de dentro das calças). Ocê bota seu dedão, eu já sei qui é tu merma e tu também sabe qui tu é tu e qui eu sou eu.
Ispedita meio receosa: É... Pro mode de num ter outro jeito...
Demo pensativo: Êta! A arlma dessa trôxa vai sê é minha!!!
CENA 02
E Ispedita já ia colocando o dedão no contrato do Demo quando aparece uma figura de branco.
Salvador: Ispedita não precisa você colocar seu dedo no contrato do Demo!
Ispedita: Vixe! Hoje eu to chêa de prertígio! Duas aparição num dia só! Mai quem é ocê tão bunito, cum brilho tão suave?
Salvador: mais Ispedita você já esqueceu de mim, filha minha? Eu sou aquele que te salvou! Morri na cruz pra expiar seus pecados! você não se lembra? E eu vim te salvar de novo, das garras desse enganador, do demo!
Ispedita espantada e ao mesmo tempo com vergonha de tê-lo esquecido: Mai Meu jisus Cristin, poi num é o Sinhó meu Sarvador mermo, aqui na minha frente! (olha para o Demo) Mai agora qui eu tô arreparando qui ocê é o Demo mermo! Bem qui dizem qui é bixo fêoso! E ocê me inganou mermo seu disconjurado!
O demo não conseguia encarar o Salvador e permanecia sempre evitando ficar á sua frente: Mai eu num inganei ocê não!!!! Ocê num queria o riachinho cheinho d’agua pra acabar cum seu sofrimento? Ia dá o q ocê quiria...
Ispedita: mai seu enganador dos araque! Ocê tava se aproveitando do meu sofrimento pra mim engana?
Salvador: ispedita minha filha, o teu sofrimento não era em vão. É no sofrer que se conhece os que são justos, os que permanecem firmes na palavra. Você trabalhou duro de sol a sol na beira do riacho que só tinha lama, e você já se perguntou por que você ainda conseguia lavar toda a roupa?
Ispedita espantada: não... mai foi o Sinhô?
Salvador: Isso mesmo! Tu perseveraste e eu te abençoei. Tua alma não esmoreceu um minuto, trabalhando para você e para sua família! E eu tive misericórdia da sua vida, enquanto tu ainda tiveste esperança dela melhorar pela graça do Senhor; nunca faltou trabalho, nem alimento na tua casa, apesar de ser de pouca quantidade, que te pôs de pé para trabalhar duro, “mais não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que vem de Deus”. E pra mim tu já tinha ganhado teu galardão, presente que ia receber no paraíso. E como diz as escrituras antigas: “Bem-aventurados aqueles que lavam suas vestiduras no sangue do cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida”(AP 22:14). E você acabou esquecendo de mim e de minhas promessas Ispedita, fazendo contrato com o demo?
Ispedita entristece: Mai e num foi... Mai foi causa desse Demo qui veio me atanazar!
Salvador: Mais esse é o trabalho dele – atanazar e enganar meus filhos, os justos – e os justos permanecerão fortes, acreditando nas minhas promessas, pois sempre estarei com vocês, não importa a dificuldade! Você ainda quer fazer contrato com o demo? “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma? (Mt 16:26)” . Um tanto de água?
Ispedita: craro qui não meu Sarvador! Eu já lhe tinha entregado minha vida pro mode o sinhô abençoá! Sô eu tua serva quirida! Não quero ficar longe do Senhor!
Salvador: Então que o Demo volte pras trevas onde é o lugar dele!
Ispedita pensa: êta, quero só vê o Demo sair dessa agora!
E o salvador expulsa o Demo que voltou para as trevas (efeito musical); ispedita agora se encontra sozinha na beira do riacho.
Ispedita: É hoje o dia foi muito do agitado! Nun lavei a roupa, quase vendi minha arlma pro demo, vi meu Sinhó Sarvador (suspiros), num sei mai o qui pode acuntecê!...
E começa a relampejar e cai uma chuva forte!!!
Mensagem final
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