quarta-feira, 29 de abril de 2009

A FLORISTA

AUTOR: DESCONHECIDO



Drama em dois atos, que representa a felicidade que há em Cristo, tanto para os ricos como para os pobres.

PERSONAGENS:

RITA a moça rica

RAUL irmão de Rita

ANA a florista

UMA EMPREGADA

1° ATO

CENÁRIO: (Uma sala luxuosa com órgão, onde uma jovem muito bem vestida está costurando, depois pára e começa a andar de um lado para o outro, monologando.)

RITA: Que coisa estranha! Todos acham que sou uma moça feliz, muito feliz, e sei que não o sou. Eu acho que a felicidade é um sentimento da alma e não esse acúmulo de bens materiais que me rodeiam. Tenho jóias, roupas caras, carro novo, vou a bailes, discotecas, barzinho, tenho dinheiro para satisfazer a todas as minhas vontades. Mas não sou feliz. Eu sinto alguma coisa estranha dentro de mim, na minha alma. Na verdade, não tenho paz. Isso mesmo! Não vivo em paz comigo mesma. Não sinto prazer nem no trabalho! (Volta a costurar e entra uma empregada acompanhada de uma jovem muito simpática e simples, que traz flores brancas e vermelhas)

EMPREGADA: Rita, esta moça insistiu tanto para falar com você que acabei deixando ela entrar. (retira-se)

RITA: (levantando-se) - O que você deseja?

ANA: Perdoe-me se a incomodo, mas é a necessidade que me obriga a fazer isso. É que vendo flores para ganhar um dinheirinho para sustentar a mim e a minha mãe que já está bem velhinha e hoje ainda não consegui vender nenhuma até agora. Aí pensei que talvez você quisesse nos ajudar, comprando estas. (mostra-lhe as flores que tira da sacola)

RITA: (olhando o ramalhete) - São linda e muito bem feitas. Quem as fez?

ANA: Fui eu mesma. Aliás, eu sou mesma, é costureira, mas quando não tenho muitas costuras, faço flores para vender.

RITA: Mas como vocês conseguem viver assim, sem salário e ainda conservar essa expressão calma que vejo em seu rosto?

ANA: Com muita fé em Deus que cuida de nós e nos abençoa... Nunca faltou para nós o pão, apesar de ter perdido meu pai desde pequena. Primeiro era a minha mãe quem trabalhava, mas agora que já cresci e ela está velhinha, sou eu quem trabalho e a sustento. E foi com ela que aprendi desde cedo a conhecer o amor e a onipotência de Deus. E como somos felizes, apesar de pobres!

RITA: (à parte) - Felizes!... Como gostaria poder dizer assim! (Fala para Ana) - Você não gostaria de ser rica? Gostaria de estar no meu lugar?

ANA: Se fosse da vontade de Deus, sim. Mas não troco a paz que tenho na minha alma por dinheiro algum. Prefiro ser pobre como sou, do que rica e passar os dias inquieta, sem a felicidade espiritual que Cristo me dá.

RITA: Nossa! Você fala de um modo diferente daquelas pessoas com quem convivo! Suas palavras me transmitem uma paz que nunca encontrei em livro algum dos muitos que já li.

ANA: São palavras referentes à verdadeira vida e que se encontram na Bíblia, a palavra de Deus que certamente você nunca leu.

RITA: É verdade, nunca li nada desse livro. e sempre pensei que os assuntos sobre a vida eterna não fossem para esta vida!...

ANA: Pois é essa esperança de uma vida feliz após esta existência aqui na terra que nos faz ser alegres e feliz mesmo diante das lutas e dificuldades que nos sobrevêm.

RITA: O que você está dizendo está me interessando muito e quero ouvir mais a esse respeito. De hoje em diante as portas de minha casa estarão sempre abertas para quando você quiser vir consolar-me com sua amável visita. Eu me encontrava desanimada e você alegrou o meu espírito. Considero-a uma grande amiga!

ANA: Obrigada!

RITA: (dando-lhe dinheiro) - Aceite este dinheiro como pagamento destas lindas flores, porque as flores do seu bondoso coração sei que não tem dinheiro que as pague.

ANA: (recebendo) - Nossa! É muito! Muito Obrigada pela sua generosidade!

RITA: Por nada! Agora quero que você me dê o seu endereço porque quero visitar sua mãe e levar-lhe mais alguma ajuda.

ANA: (Muito constrangida): Quase não adianta eu lhe dar o nosso endereço, porque hoje é o último dia em que podemos morar lá. Nós atrasamos o pagamento do aluguel e recebemos ordem para desocupar a casa amanhã e ainda não sabemos para onde ir.

RITA: Como? Vocês devem mudar até amanhã e ainda não sabem para onde ir? (Reflete um instante): Você não me disse que sabe costurar?

ANA: Sim, sei.

RITA: Então eu a convido para ser minha costureira. Não vai faltar trabalho para você, nem casa para você morar com sua mãe aqui mesmo na minha casa.

ANA: Muito, mas muito obrigada! É muita bondade sua! Deus me encaminhou à sua casa e vejo que você tem um bom coração. Que Deus a abençoe! Com licença, vou correndo contar à mamãe a sua casa que você acaba de nos oferecer. Ela também vai ficar feliz com a notícia.

RITA: Pois não! (Rita fica só, reflete um instante e fala:)

RITA: Nunca me senti tão bem! Tenho dado tanto dinheiro aos pobres e nunca fiz caridade como esta de tratar esta pobre moça, oferecendo-lhe moradia aqui nesta casa que tem hospedado tanta gente ilustre! Mas também ela é tão diferente das outras pessoas que me procuram para pedir ajuda! Como é meiga! E que simplicidade! Suas palavras me fazem bem e espero que ela continue alimentando minha alma aflita e ansiosa. (Entra Raul alegremente e depois de cumprimentar a irmã, fala:)

RAUL: O que você está fazendo aí, tão sozinha? Ultimamente tenho achado você tão triste! Parece que você não está feliz! O que você tem? Sei que não temos pai, nem mãe, mas o que eu puder fazer por sua felicidade, eu farei: Você está precisando de dinheiro? (Pões a mão no bolso)

RITA: Obrigada, Raul. Não é dinheiro que me falta. É paz espiritual. É felicidade íntima. Não estou feliz comigo mesma. Sinto-me responsável diante de Deus pelas bênçãos e pelo conforto que me presenteou, enquanto existem tantas pessoas em volta de mim precisando de ajuda e ao mesmo tempo sinto que todo esse dinheiro não me faz feliz.

RAUL: Você está sendo incoerente com suas palavras, minha irmã. Você diz que se sente responsável pela fortuna que herdou e diz que ela não a faz feliz. Você está pensando que se vivesse pedindo esmolas, seria feliz? (ri) Olha, estou fechando vários negócios e sonho com o dia em que serei o Rei do café! Não é legal! (Repara as flores em cima do móvel). Que flores são estas? Foi presente de alguém?

RITA: Não, Raul. Eu as comprei de uma moça pobre que veio aqui em casa e com quem me simpatizei muito. Por sinal, eu a convidei para vir morar aqui em casa com a mãe que já está velhinha. Fiquei tão comovida com a vida difícil que levam e ainda por cima receberam ordem de mudança e não sabiam para onde ir.

RAUL: Como você está diferente, Rita! Você sempre evitou a aproximação de pessoas que não fossem da nossa sociedade e eu sempre concordei com você. Agora você traz para o nosso palacete duas pessoas pobres! (Com orgulho) Certamente serão suas empregadas!

RITA: Não. Ela será minha costureira e minhas amigas. Se você visse como ela me falou e como as suas palavras me fizeram bem!...

RAUL: Coitada da minha irmã. De uns tempos para cá tenho observado que você anda muito preocupada com o seu espírito. Você precisa passear. Além do mais, você sabe que dinheiro não nos falta para isso.

RITA: Você só fala em dinheiro! Como pensa muito nele, não tem tempo de pensar que você também tem uma alma e que para ela de nada lhe servirão tanta fortuna!

RAUL: (irônico) Foi a moça pobre de que me falou há pouco tempo que lhe insinuou estas coisas?

RITA: Não, Raul! Foi um milagre ela ter vindo ao encontro dos pensamentos que vêm me preocupando há tanto tempo. Ela me falou da Bíblia que é a palavra de Deus que traz ensinamentos que confortam o coração, trazendo felicidade e a paz verdadeira. Pretendo ler este livro e espero um dia muito próximo, sentir-me feliz.

RAUL: Quero vê-la feliz, minha irmã e desejo que isso aconteça. (mudando de voz) Conta sempre comigo, com a minha amizade e com meus esforços para cercá-la de felicidade completa. Saberei substituir os cuidados dos nossos pais que não temos mais. (entra a empregada).

EMPREGADA: Com licença, o jantar está pronto.

RITA: Vamos jantar?

RAUL: Vamos! (Saem juntos e fecha-se a cortina)

2° ATO

CENÁRIO: (O mesmo anterior, mas com mais simplicidade. Rita vestida mais simples).

RITA: (monologando) - Como estou feliz! Faz apenas um mês que Ana veio morar aqui com sua mãe e como a minha vida se transformou em tão pouco tempo! Agora parece que o tempo passa mais depressa, porque o emprego em coisas que fazem bem à minha alma. Minha preocupação agora é servir. Quero dividir o meu dinheiro com as pessoas que passam fome. (entra Ana).

ANA: Acabam de telefonar do Albergue Martim Lutero, convidando-a para participar de uma festa em benefício daquela entidade, tocando órgão. Você aceita?

RITA: É claro que aceito! Ajude-me a escolher, Ana! Que música você acha que devo tocar? (Vão as duas até ao órgão e Ana sugere um hino. Uma canta e a outra toca. Quando estão quase terminando, entra Raul que ainda aprecia).

RAUL: (cumprimentando-as com alegria): Como estão alegres!

ANA: Estamos ensaiando um hino para Rita tocar amanhã.

RAUL: (dirigindo-se a Ana): Tenho muito a lhe agradecer pela alegria que tem proporcionado a minha querida irmã. Antes ela era uma pessoa triste e desde que você veio para a nossa casa, Rita está completamente transformada. O que você fez para produzir este milagre tão grande?

ANA: Não é meu o poder transformador. Não fui eu que mudei a sua irmã, mas Cristo que agora mora em seu coração. eu fui apenas um instrumento nas mãos de Deus para mostrar-lhe o caminho que deveria seguir. Rita era uma ovelha que amava a espera de encontrar o Bom Pastor Jesus. A sede e a fome que sua alma tinha permitiram que ele conhecesse a Jesus depressa enquanto muitos buscam durante anos e anos a quem servir. Não sabem se querem servir a Deus ou ao mundo.

RAUL: Para Rita, que é mulher, foi fácil tomar esta decisão ao lado de Jesus. Mas para mim, que sou homem de negócios, é muito difícil. Como não vão rir de mim os grandes industriais, meus conhece-los, se me virem fazendo parte do rebanho de Jesus!

ANA: Desculpe-me, Raul, mas Rita também estava se relacionando com pessoas da alta sociedade, mas ela se humilhou e colocou o valor de sua alma acima de todas as coisas.

RITA: E eu não troco a paz que tenho em meu coração por aquele estado de perdição eterna em que eu vivia antes...

ANA: Você poderia ser um vaso de bênçãos nas mãos de Deus com os dons que possui! Você é jovem, tem talento, honra e o dinheiro que muitos não têm e que gostariam de usá-lo em benefício das pessoas carentes.

RAUL: (pensativo) Mas Jesus não disse que os ricos não entrariam no reino dos céus?

ANA: Não, Raul. Jesus disse que era difícil por causa da avareza, amor exagerado ao dinheiro que muitos ricos têm ou da desonestidade dos meios que muitos ricaços usam. Você faz negócios honestos com uma das riquezas agrícolas da nossa Pátria, o café. Você poderia aceitar hoje mesmo a Cristo sem nenhum impedimento.

RAUL: E os meus pecados? Sei que tenho muitos.

ANA: Esses Jesus os quer porque ele possui poder para perdoá-los. Ele é o filho de Deus que morreu numa cruz para nos salvar. É só você crer nele e recebê-lo no coração.

RAUL: Você foi enviada por Deus a esta casa. De florista, passou a jardineira de duas almas. De hoje em diante quero seguir os passos de Jesus, ler a palavra de Deus com o desejo de buscar a verdade, somente a verdade. (Rita aproxima-se com uma caixa contendo o ramalhete de flores comprado e fala:).

RITA: Raul, você decidiu buscar a Jesus e segui-lo, então quero oferecer-lhe estas flores que para mim têm muito significado. Eu as comprei de Ana no primeiro dia em que entrou aqui em nossa casa. As vermelhas representam o sangue de Jesus. E estas brancas, as almas lavadas do pecado por seu poder Salvador. Que elas sirvam para lembrar a você o propósito que tomou hoje e o ajudem, pelo símbolo que elas representam, a encontrar a salvação de sua alma. (Raul recebe as flores e agradece)

ANA: Vamos louvar a Deus por meio da música como gratidão por ter tornado este lar tão feliz.

RITA e RAUL: Vamos. (Raul toca e as duas cantam juntas um hino que exprima a satisfação e a alegria do convertido. Ao terminar, a cortina se fecha).

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